2º IRONMAN 70.3 ITALIA – 2015

2º IRONMAN 70.3 ITALIA – 2015

Ironman 70.3 em Pescara:

os desafios para o meu segundo certificado

Aos 51 anos de idade (e, portanto,  somente oito meses depois de superar os meus limites e conquistar o meu primeiro certificado de “homem de ferro” no Ironman 70.3 em Miami), resolvi me lançar a um segundo desafio que exigiria tanto ou ainda mais que o anterior: competir entre os mais de dois mil participantes do Ironman 70.3 promovido na Itália e testar os limites da minha própria resistência sob uma temperatura de 40 graus!

Reunindo inscritos de mais de 41 países, o megaevento ocorreu no dia 14 de junho de 2015 em Pescara. De volta ao meu país de origem, eu me sentia em casa; contudo, para chegar ao final da competição em menos de oito horas (mais precisamente, em 7 horas, 18 minutos e 10 segundos), foi necessário contar com bem mais do que a beleza singular das paisagens italianas e a calorosa torcida da população local. Isto porque, além da exigência quanto ao controle físico, exercitar a minha disciplina mental foi um fator decisivo!

 Segundo vim a saber dos meus colegas, o Ironman 70.3 daquele ano foi um dos mais difíceis já ocorridos na Itália, principalmente devido às condições climáticas, já que o mês de junho costuma ser bastante quente naquela região. Outro agravante que todos nós enfrentamos foi o horário de início da competição: diferentemente das demais (programadas entre seis e oito horas da manhã), o evento em Pescara foi marcado para o meio-dia, quando os relógios já registravam temperatura média de 40 graus e 70% de umidade!

• Natação – 1,9 km em apenas 47 minutos

Em um grupo com cerca de 400 participantes dentro da água, eu me vi novamente em meio à confusão que já havia experimentado durante a prova de natação realizada em Miami em 2014: muita gente para pouco espaço! Porém, desta vez eu já estava preparado para a pressão imposta pelos demais atletas, isto é, agora já sabia como administrá-la em meu próprio proveito. E foi assim que, nadando ininterruptamente, completei essa primeira modalidade na metade do tempo consumido no ano anterior: de 1h29min, passei a 47 minutos!

• Bike – 90 km de muitos desafios em 3h33min

Embora eu tivesse analisado todo o percurso que me aguardava, a verdade é que me surpreendi ao me deparar com três subidas que exigiam tanto dos competidores! Para se ter uma ideia, a primeira delas já era bastante íngreme, alcançando 300 metros de altura, sendo que a segunda chegava aos 400 metros e, a última, aos 350 metros. Mal dava tempo de descer e já era hora de subir novamente!

Resumindo, o esforço empreendido durante essa etapa foi i-men-so! E mais: posso garantir que a própria visualização de todo o percurso era algo que, por si só, já impactava psicologicamente os atletas. Tal como em Miami, mais uma vez eu pedalava ao som das sirenes das ambulâncias prestando socorro àqueles que iam ficando pelo caminho…

Precisei pedalar até os últimos 15 km da modalidade, quando os ventos continuavam soprando na direção contrária à dos competidores!

• Corrida – 21 km em 2h33min

A contar todos os treinos que eu já vinha realizando diariamente, a corrida foi uma modalidade que consegui concluir sem grandes dificuldades, apesar de toda a exaustão provocada pelo percurso da etapa anterior. Assim, em 2015, o tempo que levei para a execução dessa prova (2h33min) foi similar ao de 2014 (2h27min).

Desafiando os limites do corpo e angariando lições para a vida

O Ironman 70.3 Itália foi tão desafiador que, mesmo entre aqueles que eram profissionais, houve quem não resistisse. Dois homens sofreram ataque cardíaco, uma mulher foi atingida por embolia pulmonar e, entre os 150 participantes diretamente afetados, os socorristas diagnosticaram quadros de desidratação devido ao calor excessivo, cãibras e contusões após queda de bicicleta. Nos três primeiros casos, os competidores precisaram ser internados em unidade de terapia intensiva, sendo que o número de resgates foi muito mais expressivo do que nos últimos anos. Para mim, parecia um cenário de guerra!

Se essa tivesse sido a minha primeira inscrição num evento dessa magnitude, é muito provável que eu não tivesse conseguido chegar ao final, principalmente em decorrência da prova de bike. Por isso, tenho certeza de que contar com todo o meu treinamento desde o Ironman em 2014 foi simplesmente fundamental. Porque, por mais que mil coisas possam existir a nosso favor (até mesmo sorte), o fato é que, se você não estiver realmente preparado, nunca poderá contar com a certeza de alcançar o resultado. Mas, na pior das hipóteses, se for preciso contar somente com a sua preparação, você consegue!

Eu consegui mais uma vez e, depois de mais essa marcante experiência, finalmente me sentia pronto para, em 2016, enfrentar o Ironman 140.6 realizado na Áustria.

Era me preparar e aguardar para ver!