MINHA HISTÓRIA - ALESSANDRO CORONA

Olá! Imagino que, se você chegou até aqui, é porque não apenas se identifica com o universo esportivo, mas também porque está em busca de uma boa história de superação, acertei? 

Bem, eu tenho uma boa história para lhe contar. Afinal, aos 55 anos de idade, tenho a satisfação de já ter sido certificado “homem de ferro” por seis vezes consecutivas. Nada mal para quem se propôs a desafiar todos os limites da própria resistência às vésperas de completar 50 anos de idade, não é mesmo?

Na verdade, a minha identificação com o esporte existe há muito mais tempo. Embora eu não tenha nascido em uma família italiana muito adepta dessa prática, o meu interesse por esse segmento surgiu no convívio com um primo com o qual cresci e a quem sempre considerei como um irmão.

Ao longo dos anos, constatei que essa minha paixão pelo esporte acabou promovendo benefícios que se estenderam para além dos aspectos físicos, pois ela fez com que eu me abstivesse de uma série de complicações na época da juventude, ao contrário do que ocorreu com os meus amigos. Apesar de eles pertencerem a famílias aristocráticas que poderiam ser economicamente categorizadas em classes A/B, de estudarem em grandes universidades, etc., muitos se perderam em vícios relacionados a bebidas e drogas. Já no meu caso, sempre tive no esporte uma referência que me ajudaria a resolver qualquer dificuldade. Como esportista, se eu já repudiava o cigarro, imagine só a maconha, o LSD, a cocaína!… Aos 53 anos de idade, posso dizer que nunca experimentei nenhuma dessas substâncias, assim como nunca passei pela experiência de ficar bêbado. O esporte tende a nos afastar naturalmente desses interesses; uma coisa se torna a antítese da outra.

Na adolescência, por exemplo, eu já esquiava, jogava tênis de mesa, subia e descia montanhas. Além disso, aos 16 anos, também praticava windsurfe, logo que essa modalidade surgiu. Aos 20 anos, realizei uma prova para ser instrutor, e tanto me tornei instrutor de windsurfe quanto de esqui de neve.

            Sintetizando a importância do esporte já naquela ocasião, a minha sensação era a de que ele me trazia tranquilidade, serenidade. Era, portanto, a minha “válvula de escape”, e com o tempo eu entendi que tudo isso estava associado à liberação de endorfina produzida por meio do meu esforço físico.

E como eu conseguia conciliar o esporte com outras ativdades?

Sempre consegui administrar bem o meu tempo. Tínhamos uma empresa familiar fundada em 1851, da qual eu era a quinta geração. Fornecíamos produtos essenciais para a indústria de papel e celulose, e fui o responsável por elaborar praticamente toda a estrutura de administração e o networking mundial do nosso negócio, conquistando um excelente resultado. Na universidade, a minha especialização sempre foi na área administrativa, apesar do meu conhecimento na área jurídica. Depois, a empresa foi comprada por um grupo estrangeiro – o meu pai já estava cansado, e fiquei numa posição minoritária. Então, fui trabalhar em um grupo alemão, que era nosso concorrente. A minha atuação nesse grupo se ampliou quando fui convidado para dirigir a América Latina, e foi aí que, como manager, tive a oportunidade de conhecer o Brasil em 1998, quando vim morar aqui. Foi uma experiência profissional altamente desafiadora, mas de muito crescimento para mim.

            Nesse intervalo, abandonei a academia durante algum tempo, pois estava sempre de um lado para outro no avião. Todavia, nunca deixei de praticar esporte. Depois, acabei retomando a academia até mesmo para “desestressar”.

            Em 2000, diante do convite do grupo alemão para que eu me instalasse na Suíça, tomei a decisão de permanecer no Brasil e, para tanto, toquei um negócio próprio de alumínio, conquanto a minha ideia já fosse a abertura da Tricosalus Clinics (o que ocorreu em 2006), tendo em vista que eu tinha realizado o meu tratamento capilar na Itália.

Se o IronMan já era um objetivo de longa data?

No Brasil, eu não tinha como praticar esqui de neve e, para o windsurfe, havia a necessidade de me deslocar até São Sebastião. Portanto, o meu foco era mesmo investir em treinos pesados. Então, até esse momento, eu nem sei sabia o que era “Ironman”!

            Por volta de 2012, por ocasião de uma viagem à Itália, encontrei aquele meu primo-irmão, com quem cresci e que hoje é desembargador. Tal como aconteceu na nossa adolescência, quando me interessei pelo esporte por intermédio dele, também vim a saber do Ironman porque ele mesmo já tinha se tornado um adepto do triathlon. Quando o meu primo me falou sobre essa modalidade, brincou comigo dizendo que não era algo para mim, que eu já estava “velho” para fazer isso (temos quase a mesma idade) e que os meus músculos não serviam para nada. Eu estava com 49 anos, com medo da proximidade dos 50 e, mesmo sabendo que aquela provocação era uma brincadeira, eu a encarei como um desafio: “Ah, é? O meu primo estava dizendo que eu não podia?… Então, ele ainda veria do que eu era capaz…”. Esportista, o meu primo sempre me inspirou, e foi a partir daí que passei a pesquisar tudo o que dizia respeito ao Ironman.

            De fato, a idade me incomodava, pois, na minha cabeça, uma pessoa com 50 anos já era praticamente “idosa”… Não bastasse, eu já sentia um volume um pouco maior no meu abdômen; as calças já não fechavam com a mesma facilidade de antes. Eu sabia que isso se explicava pela própria mudança no meu metabolismo, que estava ficando mais lento, mas a verdade é que eu não queria simplesmente me consolar com a situação. Por isso, decidi que me prepararia para realizar um Ironman, mesmo que, diante do compartilhamento dessa notícia, todos viessem com um balde de água fria para jogar na minha cabeça… Tudo o que sabiam me dizer era que se tratava de algo muito difícil, que eu não conseguiria, que era para eu contar outra piada… No entanto, na condição de um bom “cabeça dura” (sou capricorniano!), eu me sentia estimulado diante de todo esse desincentivo!

            Nesse intervalo, abandonei a academia durante algum tempo, pois estava sempre de um lado para outro no avião. Todavia, nunca deixei de praticar esporte. Depois, acabei retomando a academia até mesmo para “desestressar”.

            Em 2000, diante do convite do grupo alemão para que eu me instalasse na Suíça, tomei a decisão de permanecer no Brasil e, para tanto, toquei um negócio próprio de alumínio, conquanto a minha ideia já fosse a abertura da Tricosalus Clinics (o que ocorreu em 2006), tendo em vista que eu tinha realizado o meu tratamento capilar na Itália.

Depois disso, já com 51 anos de idade – e somente 8 meses depois de superar todos os obstáculos no Ironman 70.3 em Miami –, resolvi me lançar outro desafio: em junho de 2015, competi entre os mais de 2 mil participantes do Ironman 70.3 promovido em Pescara, na Itália, sob uma temperatura de 40 graus. O desafio foi tão intenso que, mesmo entre aqueles que eram profissionais, houve quem não resistisse. Para se ter uma ideia, dois homens sofreram ataque cardíaco, uma mulher foi atingida por embolia pulmonar e, entre os 150 participantes diretamente afetados, os socorristas diagnosticaram quadros de desidratação devido ao calor excessivo, cãibras e contusões após a queda de bicicleta. No entanto, à parte todas as adversidades, eu consegui completar todo o circuito em menos de oito horas!

Em outubro de 2015 – portanto, um ano depois do meu primeiro Ironman –, resolvi me empenhar novamente para enfrentar o Ironman 70.3 em Miami. Desta vez, eu queria obter muito mais controle, e efetivamente consegui resultados bem melhores do que na primeira vez – o que, em 2016, preparou-me para o Ironman 140.6 na Áustria, que concluí em menos de 15 horas!

Por fim, em agosto deste ano, estive no Itaipu Ironman 70.3 Brasil Paraguay 2016, no qual conquistei o meu quinto certificado consecutivo. Depois de perder nada menos que 6 quilos no megaevento da Áustria, o meu retorno a um Ironman 70.3 serviu para também estimular algumas reflexões. Venci a competição com mais serenidade, com muito mais experiência e com bem menos complicações!

O “segredo” para tudo isso aos 55 anos de idade?

Bem, para mim, nada mais verdadeiro do que a famosa citação latina, segundo a qual “mens sana in corpore sano”. Acredito que, antes de se estender ao corpo, a disciplina começa na mente.  Além disso, também passei a contar com o acompanhamento especializado da Corpuris Salus, cujo foco também é medicina esportiva e nutrologia, e que certamente recomendo. Afinal, embora a saúde da mente esteja na liderança das nossas ações, não resta dúvida que os cuidados com o corpo são imprescindíveis para que os nossos objetivos sejam colocados em prática. E, no meu caso, tenho conseguido investir em ambos de maneira articulada – um empreendimento que segue exigindo muito autocontrole e, por vezes, alguns bons sacrifícios, mas cujos benefícios valem muitíssimo a pena!